Deputado Valdeci Oliveira toma posse como presidente do PT-RS
Movimento pela unidade do centro democrático ganha força no PT

Por Tiago Machado - Marcelo Antunes
01/09/2025 09h10

Tendo como centro a defesa da unidade partidária, a ampliação do diálogo com partidos e forças políticas do chamado 'centro democrático', a retomada do governo estadual e a defesa da soberania nacional e do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado estadual Valdeci Oliveira tomou posse neste sábado (30) como o novo presidente do PT gaúcho.

A atividade, que lotou o auditório da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre (AIAMU), no centro da Capital, contou com as presenças de dirigentes e lideranças políticas do partido de diversas regiões do estado, figuras históricas da legenda como Olívio Dutra, Tarso Genro e Raul Pont, além de parlamentares estaduais e federais, militantes e vereadores de diferentes municípios gaúchos. 

O ato contou também com a participação de nomes e legendas para além da composição da Federação criada com o PCdoB e PV, entre eles as ex-deputadas   Manuela D'Ávila e Juliana Brizola, o ex-deputado Beto Albuquerque e o ex-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati.

 "O horizonte hoje, e aquele que vivenciaremos no próximo período, exigirá de todos nós o máximo comprometimento e engajamento.Exigirá também um fortalecimento ainda maior da nossa capacidade de dialogarmos com o campo progressista e democrático. Precisamos ouvir muito, formular muito, compor muito e alargar o nosso poder de ação. E o PT gaúcho precisa e vai fazer a sua parte nesse processo, podem ter certeza", assegurou Valdeci durante sua manifestação. "E desde já convoco todos aqui para cerrar fileiras nesse processo de unidade, de diálogo e de mobilização", completou o novo dirigente, que substitui no posto a professora Juçara Dutra.

Presentes no ato, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, e o deputado federal e ex-ministro Paulo Pimenta também reforçaram o coro da "unidade do campo popular" e criticaram fortemente a gestão Eduardo Leite. "Não estão conseguindo sequer gastar os mais de R$ 100 bilhões enviamos pelo governo federal para a reconstrução do Estado e privatizaram a CEEE e a Corsan a preço de banana. No que depender desse companheiro, nós vamos formar uma grande frente para reeleger Lula e eleger nosso projeto aqui no estado", afirmou Pretto.

"O nome do Valdeci reúne inúmeras qualidades para estar à frente do nosso partido nesse momento desafiador. Com a liderança do Valdeci, com muita unidade e com nossos aliados do campo democrático e popular, queremos cumprir a tarefa histórica de eleger uma grande bancada estadual e federal, manter e ampliar nosso espaço no Senado, garantir uma grande vitória para o Lula no RS e levar o povo gaúcho de volta  ao Palácio Piratini", disse Pimenta.

A ex-deputada Juliana Brizola foi outra liderança que reforçou a necessidade da união de forças.  "O flerte com o golpismo e a falta de compromisso com a democracia e com a história do nosso país faz com que o nosso campo tenha uma responsabilidade muito grande. É o momento de todos nós sentarmos à mesa, nos despirmos das vaidades para que a gente possa apresentar para o Rio Grande do Sul um retorno para aquilo que o estado é. Estamos no mês (das comemorações) da Campanha da Legalidade (que garantiu Jango como presidente, em 1961) e não é possível nesse momento não nos lembrarmos de tudo aquilo que o Brasil passou e parecia estar garantido, mas não está. Venho aqui e digo aqui a todos vocês, olho no olho, que o PDT está com essa disposição e quer construir um grande palanque para o presidente Lula", sustentou Juliana.

 Na mesma linha, or ex-deputado e atual membro da executiva nacional do PSB, Beto Albuquerque, afirmou, sem citar diretamente a família Bolsonaro e seus apoiadores, que, diante do que vem sendo feito por um agrupamento político partidário, de conspirar mais contra o Brasil mais do que contra o próprio governo federal, a opção é uma só. "Não há dois caminhos para nós, do campo da esquerda e da centro-esquerda. Não há duas ou três possibilidades, só há uma, que é estarmos juntos na reeleição de Lula e Alckmin. E aqui no RS também estarmos juntos para vencermos as eleições e darmos o palanque necessário para o enfrentamento. Não podemos falhar em estarmos com uma única proposta e um único discurso para enfrentar esse devaneio absurdo, esse retrocesso civilizatório que se acomete contra o Brasil", afirmou.

Outra importante liderança que marcou presença na cerimônia foi a ex-deputada Manuela D'Àvila, para quem "os meus compromissos são os nossos compromissos, os compromissos das mulheres e homens que se separam, têm diferenças, mas se juntam nos momentos mais importantes da luta política para garantir a democracia, a soberania do nosso país e que as trabalhadoras e trabalhadores sejam protagonistas da sua própria História e que vivam com direitos e dignidade. E a unidade que vocês do PT foram capazes de construir internamente nos mostra que vocês estão comprometidos com o essencial, com o fundamental, que as diferenças são pequenas. E que a construção do palanque que faça Lula ser mais competitivo é a nossa prioridade", elencou. E sobre o cenário eleitoral no RS, Manuela sustentou que a composição dos partidos do campo democrático precisa ser ampla o suficiente "não apenas para barrar a extrema-direita, mas para mostrar ao povo que é possível vencer e construir um outro caminho".

Logo na abertura dos trabalhos, foi feita uma homenagem ao escritor Luis Fernando Verissimo, falecido neste sábado, e lida uma moção de 'irrestrita solidariedade' ao povo palestino, pelo cessar-fogo, pela abertura de corredores humanitários e pelo seu direito à criação de um estado próprio.

No encerramento do encontro, Valdeci fez um chamamento especial à militância para que esta participe dos atos que estão sendo organizados em todo o país pelo PT em conjunto com as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, centrais sindicais, partidos progressistas, representações religiosas e movimentos sociais, no Dia da Independência (7 de setembro), em oposição ao tarifaço empregado contra o Brasil pelo presidente norte-americano de Donald Trump, além da atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. "Não podemos deixar essa data à disposição dos falsos patriotas ou dos traidores da pátria. As nossas bandeiras de luta são as que dialogam com o povo", comparou.

A nova gestão estadual do PT/RS terá mandato de quatro anos, e a presidência da sigla será compartilhada entre Valdeci (que estará à frente da legenda nos dois primeiros anos) e a deputada estadual Sofia Cavedon, que ficou em segundo lugar na disputa interna, realizada em julho passado. Segundo a Secretaria Nacional de Organização do partido, responsável pelo Processo de Eleição Direta (PED 2025), este foi o maior pleito já feito pelo PT, com mais de 549 mil votantes no país. No RS foram mais de 26 mil filiados que participaram da votação em mais de 300 municípios gaúchos (em 2019 foram 22 mil votantes no estado).

Tiago Machado - Marcelo Antunes 

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