POLÍCIA
Moradora de Nova Santa Rita presa por suspeita de envenenar bolo que matou 3 pessoas em Torres
   
Também é acusada de envenenar e matar o sogro em setembro

Por Redação Estação e abcmais
06/01/2025 21h47

BOLO ENVENENADO: ACUSADA DE COLOCAR VENENO NA FARINHA TEM RESIDÊNCIA EM NOVA SANTA RITA

Saiba quem é a nora presa por suspeita de matar familiares em Torres

Deise Moura dos Anjos, 42 anos, foi presa neste domingo (5), em Arroio do Sal, no litoral norte, como suspeita de envenenar o bolo que levou à morte três integrantes da mesma família nos dias 23 e 24 de dezembro.

Segundo a Polícia Civil, ela é casada com o filho de Zeli dos Anjos há cerca de 20 anos, e tem residência em Nova Santa Rita, na Grande Porto Alegre. A nora é apontada como a responsável pelo saco de farinha contendo arsênio encontrado pela Polícia.

Como revelado durante coletiva organizada pela Polícia Civil na manhã de segunda-feira (6), Deise tinha uma antiga rixa com a sogra que pode ter servido de catalisador para a tragédia.

“Aparentemente, a família tinha uma convivência harmoniosa e nada levava a supor tamanha tragédia”, disse o delegado Marcos Veloso. "Porém, chegaram informações de uma divergência com uma única pessoa que levaram à suspeita e a consequente prisão."

Sobre a suposta divergência entre a suspeita e dona Zeli, não houve esclarecimento. Isso porque mais detalhes poderiam prejudicar a investigação, afirmou a diretora da DP Regional de Capão da Canoa, a delegada Sabrina Deffente.

“Ela acabou presa temporariamente em Arroio do Sal com evidências robustas que a ligam a farinha usada na receita do bolo”, defendeu a delegada. “A investigação prossegue, mas precisamos aguardar para revelar a relação da suspeita com o crime por meio de provas técnicas."

A Polícia também quer saber como o arsênio foi adquirido pela suspeita. Isso porque o elemento semimetálico não pode ser encontrado em qualquer lugar e não deveria ser manipulado devido à periculosidade.

Fonte: abcmais

MULHER TAMBÉM É SUSPEITA PELO ENVENENAMENTO E MORTE DO SOGRO 

A Secretaria da Segurança Pública divulgou, nesta sexta-feira (10/1), os desdobramentos da investigação e da perícia sobre o caso do bolo envenenado que matou três pessoas em Torres, no Litoral gaúcho, na véspera do Natal. A suspeita, em prisão temporária desde domingo (5/1), irá responder por quatro homicídios triplamente qualificados, além de três tentativas de homicídio. O quarto caso se refere ao sogro, que, após ter o corpo exumado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), foi comprovado que ele ingeriu arsênio, substância letal também usada no bolo em Torres.

O trabalho das forças de segurança do Rio Grande do Sul pode ser um marco para novos protocolos de atuação na área de saúde para mortes suspeitas. O secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, destacou o trabalho dos servidores e, também, a importância de elucidar um crime desta natureza.

Com uma atuação rápida e eficaz, a Polícia Civil e o Instituto-Geral de Perícias (IGP) trabalharam dando celeridade ao caso do bolo envenenado em Torres, situação que ganhou repercussão pela brutalidade de envenenar seis pessoas, levando três das vítimas à morte, em uma tragédia que poderia ter sido ainda maior. Ao longo da investigação foi verificada que outra morte, ocorrida em setembro em Arroio do Sal, também poderia se tratar de um crime. 

Inicialmente tratada como uma morte por intoxicação alimentar, o corpo do sogro da suspeita presa foi exumado pelo IGP para exames laboratoriais. Por já ter resultados positivos para arsênio, presente na farinha, no bolo e nas vítimas do caso que ocorreu próximo ao Natal, o IGP tinha um ponto de partida para os exames. O arsênio é um metal pesado e o seu formato em veneno tem capacidade de se conectar com materiais biológicos como o rim, o fígado e a queratina, presente em unhas e cabelos. Com as amostras retiradas na exumação, o IGP chegou rapidamente ao resultado, uma dose altíssima de arsênio também na vítima de setembro.

Amorfo e inodoro, o arsênico se constitui de um pó branco ou levemente acinzentado. Adquirido pela suspeita, o veneno foi dissimulado em grandes quantidades em itens de consumo para praticar os crimes: leite em pó e farinha de trigo.

A diretora-geral o IGP, perita Marguet Mittmann, disse que em todos os trabalhos, os níveis de arsênio localizados foram tóxicos e letais. “Os níveis de arsênio localizados em todas as amostras da exumação deram positivo no segundo nível mais alto localizados em comparação com todas as vítimas. Este resultado não deixa dúvidas da intenção de causar a morte e elimina qualquer possibilidade de contaminação acidental. Assim, como nas vítimas examinadas após a morte em Torres, constatamos que a vítima exumada teve como causa da morte envenenamento por arsênio.” 

Os três homicídios então passaram a ser quatro mortes intencionais e trouxeram um novo alerta as autoridades: a facilidade com que a suspeita teve acesso ao arsênio, comprando pela internet e recebendo pelo serviço dos Correios, e também a característica acidental da morte por intoxicação alimentar. A delegada Regional de Capão da Canoa, Sabrina Deffente, ressaltou que a investigação pode ser um marco na atuação dos profissionais de saúde em casos de morte suspeita.

Vamos ampliar essa integração com a área da saúde para estabelecer novos protocolos em casos de intoxicação alimentar, para que a Polícia Civil investigue casos como este. Inclusive, durante as investigações descobrimos que a suspeita tentou forçar que a família optasse pela cremação do sogro, para apagar os vestígios do crime, mas ela não conseguiu uma assinatura médica necessária para casos de cremação”, disse.

A celeridade dos trabalhos foi acompanhada de muito cuidado para garantir os direitos humanos e a segurança jurídica do inquérito. A prova testemunhal já garantia a prisão da suspeita, mas o delegado Marcos Veloso, que investiga o caso, foi cauteloso e, certo das provas que já tinham, aguardou a confirmação da prova pericial.

“Fizemos a revogação de um primeiro pedido de prisão, aguardando o momento certo de fazer um novo pedido, com mais elementos técnicos e incontestáveis. Iremos permanecer nas investigações, para finalizar um inquérito perfeito e não descartamos, inclusive, que ela tenha cometido outros crimes. Posso dizer que se trata de uma pessoa fria, que premeditou o crime e tinha respostas prontas para tentar desviar as suspeitas”, afirmou o delegado.

Com as provas que indicam que a suspeita estava afastada do núcleo familiar e se aproximou para poder executar o plano de envenenamento, o crime tem o acréscimo de uma qualificadora, passando a ser um triplo homicídio triplamente qualificado, uma tripla tentativa de homicídio, além do homicídio triplamente qualificado do sogro, ocorrida em setembro, em Arroio do Sal. As qualificadoras deste crime são: motivo fútil, dissimulação e emprego de veneno.

Texto: Lurdinha Matos/SSP
Edição: Éder Kurz/Secom


   

  

menu
menu